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O que há de novo
Autor: Pedro Paulo Paulino
Atuante tanto na literatura de cordel quanto na poesia erudita, com diversas conquistas em prêmios literários de âmbito nacional. Além de seu trabalho como escritor, ele também é redator e diagramador de jornais, revistas e livros, atuando dentro e fora de Canindé. Como radialista, Pedro Paulo apresenta um programa aos domingos, focado em resgatar sucessos da Velha Guarda.
Música e perfume, sabemos, marcam momentos para sempre. A esse minimalista rol eu acrescentaria a chuva. Pelo menos para nós habitantes do quase deserto, onde as benesses do céu são raras, a volta das chuvas traz consigo uma enxurrada de gratas lembranças que nos remetem a momentos mágicos, em especial, aos dias da nossa bendita infância. Na transformação radical do clima, há um choque térmico nas emoções. Relembranças saborosas de instantes congelados na memória, e que de súbito vêm à superfície dos sentimentos, transportando-nos para algum lugar do passado — em especial aonde ficou nossa infância. Imagens de alguns outros…
Acontece neste sábado, 11 de janeiro, o Encontro dos Profetas da Chuva, em Quixadá, Sertão Central Cearense. É a vigésima nona vez que esses videntes do tempo se reúnem anualmente naquela cidade icônica e exótica, povoada de gigantescas pedras solitárias. Mais apropriado seria chamá-los analistas do tempo, a partir da observação direta da natureza e das características da nossa fauna e da nossa flora. Os métodos empregados em suas análises e previsões vêm de tempos muito antigos e são retransmitidos oralmente de geração a geração. Eu tenho, intimamente, um quê de admiração por esse trabalho voluntário e, digamos, instintivo, realizado…
Adeus, 2024, que assim te batizaram quando nasceste, há exatamente um ano. Chegaste radiante e saudado com festas no mundo inteiro. Agora morres, melancólico e velho. Tuas horas estão contadas. Já te ouvimos os estertores. As despedidas, em pleno curso. Os sentimentos se dividem. Em uns, deixas saudade, em outros, alívio. Quanto a mim, posso dizer que estamos desobrigados. Acompanhei-te de perto os dias e, de longe, os acontecimentos, as dores e alegrias que acrescentaste a este mundo, onde, ao contrário do que se afirma, há sempre muita coisa nova debaixo do sol. Em teu lugar, 2024, já está pronto…
Particularmente, não quero me alistar no coro daqueles que deploram, debocham, execram e defenestram o Papai Noel, antes mesmo que ele se aproxime da janela. Assim me comporto em atenção, especialmente, a um respeitável público: as crianças. Pois entendo que, se os adultos têm, cultivam e adoram seus mitos ridículos, o ano inteiro, é direito também das crianças, uma vez por ano e na fase mais passageira da existência, acreditarem em alguém que, na noite de Natal, venha-lhes deixar um presente, por simples que seja. O problema é que o Bom Velhinho atende a um número relativamente pequeno de pirralhos…
Relembro, quando menino, de minha avó paterna, no anoitecer de 12 de dezembro, arrumar seis pedrinhas de sal sobre uma tábua e colocá-la sobre o beiral da casa. Assim que amanhecia, ela conferia, ansiosa, o resultado da “experiência”, que na crença sertaneja, aponta positiva ou não para o inverno vindouro no nosso semiárido cearense. Quando minha avó morreu, meu pai deu continuidade à tradição, que hoje em dia eu mantenho. Ontem mesmo realizei essa “experiência” e logo mais conto o resultado. Porque antes, quero crer que, de todas as simpatias, experimentos, crenças e tradições sertanejas relacionadas à previsão de chuvas,…
A primeira atitude de seu Antônio Lopes de Siqueira, após ganhar sozinho o sorteio acumulado da maior loteria do país, foi dar um trato nos dentes. Dinheiro é o que não faltava. Afinal, mais de 200 milhões de reais, de uma hora para outra, foram parar nas suas mãos, por conta de uma aposta que lhe custou míseros cinco reais. Segundo cálculos matemáticos, ele foi um felizardo dentro de uma estatística, cuja probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em mais 50 milhões! Neste caso, para quem já atravessara 73 janeiros e sempre levara uma vida modesta, parecia…
O território da política, em qualquer canto do mundo, é sempre e sem dúvida um ambiente conflituoso, pontuado por rivalidades ácidas, debates e combates de opiniões. Campo minado em todos os sentidos. Até parece que a humanidade é classificada em duas categorias: a dos sapiens propriamente dita e a dos políticos. Esta última com características milenarmente próprias. De tal modo que, nas sinuosidades da política, tudo é praticamente possível de acontecer. E certos acontecimentos, de tão incomuns e grotescos em muitos casos, acabam descambando inevitavelmente para o folclore e o anedotário. Devido às suas circunstâncias próprias e pelo alcance de…
Detive-me demoradamente observando-a a trabalhar. Como minha presença não a incomodou, continuei admirando a construção daquela obra que estava bem no comecinho. Havia, já, uma circunferência feita de barro, talvez de um centímetro e meio de diâmetro. E desenhar uma circunferência sem compasso ou outro acessório, convenhamos, significa, logo de início, uma tarefa e tanto. Quando o material acabou, ela bateu as asinhas, e aonde foi buscar nova demanda de argila úmida, em pleno meio-dia de sol abrasador, só ela sabe. Minutos depois, voltou trazendo uma pequena porção de barro, presa entre as longas pernas, com as quais deu seguimento…
Coincidindo hoje com o dia da semana, a Proclamação da República, em 1889, também aconteceu numa sexta-feira. A exemplo do chamado Grito da Independência, foi um acontecimento sem brilho, pegando carona nos estertores do também chamado Segundo Reinado, depois de longos 49 anos de mando do imperador Pedro Segundo. O Brasil imperial, cansado e sofrido, buscava abrir portas e janelas para respirar os ares de um novo tipo de governo, inaugurando a era republicana. Antes desse feito, qual um canto do cisne do velho império, ou como uma premonição dos acontecimentos que estavam por vir em breve, seis dias antes…
Nada buliu mais com o mundo esta semana, do que as eleições presidenciais nos Estados Unidos. A Terra pareceu girar mais em torno do Tio Sam do que em torno de si mesma. Um homem e uma mulher disputando entre si o trono do que muitos chamam de maior potência mundial. Como quem assiste a uma partida de futebol sem entender bem as regras do jogo, assim, ocasionalmente, assisti pelas mídias aos acalorados debates entre os dois candidatos e às opiniões de entendidos em política internacional. É de saltar aos olhos a grande diferença entre assuntos levantados na campanha presidencial…