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Marcello Casal JrAgência Brasil |
No dia 7 de setembro, concomitante ao bicentenário da Independência, comemorou-se também os cem anos da radiodifusão brasileira. Em uma publicação, lê-se: “O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, a distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2. Porém, a rádio só começou a operar em 30 de abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro”.
De lá para cá, o rádio segue cumprindo seu papel de legítimo meio de comunicação – e ainda um dos mais possantes canais de opinião pública. E vem desde então vencendo barreiras e outros meios de comunicação competidores. Não faltou quem dissesse, por exemplo, quando surgiu a televisão, que a tevê desbancaria o rádio. Assim como não houve quem protestasse, nos primórdios da fotografia, que a invenção de Nicéphore e Daguerre desbancaria a arte dos pintores. E também não faltou quem protestasse que o cinema iria tirar de foco o teatro; e que, por sua vez, a própria televisão derrubaria a atração pelas telas de cinema. Ledo engano.
Nem uma coisa nem as outras aconteceram. O teatro, a pintura e o cinema seguem tendo a mesma importância de sempre. Poder-se-ia dizer agora que a internet, com seu crescente alcance, iria sensivelmente botar abaixo o valor do velho rádio. Mas esta, ao contrário do que se pode pensar, tornou-se uma forte aliada da comunicação radiofônica. Qualquer emissora, AM ou FM, hoje em dia, pode ser ouvida em qualquer lugar do planeta por meio dos aplicativos da rede mundial de computadores, com transmissão de alta qualidade. E não só isso. Tanto pode ser ouvida como pode ser visto em tempo real o trabalho nos estúdios dos apresentadores. Ou seja, o rádio é também agora imagem.
O que não pode restar dúvida é o descarte paulatino da antiga frequência de amplitude modulada. Pois o rádio AM, a cada dia, parece acenar para o seu próprio fim. Diversas emissoras AM já migraram para a frequência modulada, e as próprias rádios FM estão chegando com sua programação sensivelmente mais longe por meio dos smartphones, do que mesmo pelo tradicional radinho de pilha, que talvez num tempo ainda não tão distante, deverá virar objeto anacrônico.
Seja lá como for, certo é que o rádio continua com seu prestígio e sua indiscutível fama de companheiro de todas as horas. Creio também que não há quem discorde, que ouvir no rádio aquela música predileta tem um peso emocional redobrado, mesmo que a internet ofereça, na palma da mão e a qualquer instante, um repertório musical inesgotável e para todos os gostos. Mas no rádio, é incomparável. Pois que, das invenções humanas, o rádio ainda é a melhor companhia. Parabéns à radiofonia brasileira, pelos seus cem anos!
Pedro Paulo Paulino